embora nada se quisesse fazer ver,
eu vi mas não entendi,
pereceu o que se deu mas nada se fez,
na semelhança do nada que és tu, eu e todos
pensamos que somos algo mas não passamos de nada
somos vultos deambulantes à procura da própria sombra
à procura de uma razão para existir
essa procura que nem sempre bem sucedida, é inesperada
imprevisível, incalculável e impracticável
(curioso estou eu quanto às irregularidades que cometi
face ao acordo ortográfico que se vigorou e que a minha pessoa ignorou)
sou devaneio de mim mesmo,
não passando de um excremento do que se imagina ou se pretende
não fui lá ver porque em mim o desejo não fluiu
por não querer saber ou sequer pensar que teria interesse
porque razão me iria incomodar com a ambiguidade
com a incerteza, insegurança, insatisfatez?
não sei ao certo, porque para além de saber que nada sei,
sei apenas que nada sabendo se é ignorante e ignóbil
pedaço de esterco que habita e sobrevive mas não vive
não vive por que não o sabe fazer
saber viver é uma virtude exterior a nós
algo que está fora do nosso campo léxico-comportamental
não se coaduna com a acção que practicamos
não se encaixa naquilo que acreditamos
acredita que existes mas não vives
és espaço ocupado sem ocupação
sou eu um um debitar de palavras que não explica
sou nada mais que todo este mundo
mundo este que é... lixo
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